quarta-feira, 14 de abril de 2010

Aulas de Filosofia

Como professor de Filosofia do Ensino Fundamental as surpresas são constantes, imaginem o poder de reflexão que há nesses iniciantes ao pensamento reflexivo. Propuz aos alunos da sétima série (7º ano) um exercício de reflexão filosófica, após quatro semanas de teoria do tipo: o que é reflexão filosófica; em que consiste o problema da filosofia, ou sua problematização; o que é questão filosófica; como formar uma opinião de cunho filosófico; indiquei a leitura de três obras a fim de que desenvolvessem o trabalho de reflexão crítica. Éram obras antigas, as três com reproduções cinematográficas, as com uma obra bastante complexa, eram as obras: O PEQUENO PRÍNCIPE; O MÁGICO DE OZ e ALICE NO PAÍS DAS MARAILHAS. Coincidente mente os meninos da turma optaram pelo "O Mágico de OZ", e as meninas "Alice no País das Maravilhas" alguns argumentos pela escolha eu gostaria de pontuar: "- Já li o livro e já assisti ao filme, mas nunca com olhar da filosofia, assisti por entretenimento".

Permitam-me, compartilhar com vocês, a surpreendente resposta, das análises desses meus pequenos filósofos:

"Filme: O Mágico de OZ (Guilherme Quoos, Matheus Bressam e Yuri Covalesky)

O que o Filme nos mostra: Mostra que as vezes não damos valor a tudo o que temos, e depois que perdemos tudo é que começamos a dar valor as coisas que perdemos na nossa vida.. Por exemplo: a Dorothy não estava feliz com sua vida no campo e queria mudar para outro lugar, pois a bruxa do leste queria matar seu cãozinho, porém quando o grande tornado apareceu, ela foi a outro mundo.. O Mundo de OZ, lá quase tudo era perfeito, mas não tinha a sua amada tia. Então o que isso diz? Que mesmo em um paraíso perfeito onde tem liberdade, se não temos a nossa família, as pessoas que amamos A VIDA NÃO TEM GRAÇA, por isso ela quis voltar.

Quem são os personagens do filme hoje em dia: Os leões de hoje são as pessoas que tem medo de dar sua opinião e de se expresar; Os espantalhos são as pessoas que tem pouco conhecimento e estudo, mas sempre conseguem resolver os problemas da vida; Os homens de lata são as pessoas que são exploradas por ricos e já não tem mais sentimentos de tanto trabalhar pra ganhar um pouquinho. As Dorothys são as pessoas que procuram, em um mundo longe d ecasa, a felicidade, mas não se dão conta de que a felicidade está ao seu lado.

As músicas: As músicas são basicamente sobre sonhos realizados e liberdade, pois a Dorothy nunca gostou do mundo em que vivia e foi buscar felicidade em outro mundo praticamente paralelo ao dela, e as músicas retratam isso. Mas, ao longo de sua busca no Mundo de Oz ela começa a entender que "não há lugar melhor que a sua casa" então o sentido das músicas começa a mudar e elas não falam mais de liberdade e fugir mas de voltar ao seu lugar, no caso sua casa com seu tio e sua tia."

Só para ressaltar, esse trabalho foi feito por alunos de 10 a 12 anos, admirável o poder de reflexão que possuem. Senso crítico, análise, observação... espero que continuem assim. Em breve vou postar o trabalho das meninas sobre Alice no País das Maravilhas.



segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pessoas Vazias

Estava relendo alguns textos, e um especial chamou-me atenção, contava a parábola sobre um pai que levou seu filho para passear em um bosque. No meio do bosque pai e filho, detiveram-se em uma pequena clareira, o pai pergunta ao filho se além do barulho dos pássaros ouve algo mais, o filho, em sua inocência, aguça os ouvidos e percebe o barulho de uma carroça. Ao confirmar ao pai o que ouvia, surpreendentemente o pai responde sem esitar que o barulho é de uma carroça vazia... o filho surpreso pergunta ao como como ele sabe se não vê a carroça, ao que o pai responde, pelo barulho que faz, quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz.

E a reflexão não para por aí, quando ouvimos pessoas falando demais, inoportunas, reclamonas, podemos relacionar a parábola: quanto mais vazias, mais barulho fazem...

Cuidado com os barulhos dos próximos meses...

sábado, 6 de março de 2010

2010: Um ano para pensar

Todo inicio de ano é sempre a mesma coisa, fazemos listas de possíveis coisas que pretendemos realizar ao longo do ano. O que nos atrapalha é que alguém inventou que temos de tomar decisões e fazer projetos para o novo ano. São projetos quase irreais, e quase sempre não cumpridos. Estava lendo a coluna da grande Lya Luft a cerca desses projetos, e como ela, conclui que 2010 deve ser um ano para pansar.

Pensar em ser uma pessoa melhor, pensar em como devemos agir com outras pessoas, pensar nas eleições que virão, pensar na Copa que faltam poucos dias para acontecer.. e por que não pensar nas vítimas do Haiti e do Chile, e também nas vítimas aqui do Brasil. Pensar em como devemos nos preocupar e buscar alternativas na concretização dos ideais de solidariedade e caridade.

sábado, 12 de setembro de 2009

Aula de Filosofia

Um dos livros mais interessantes que li, “O Mundo de Sofia”, do autor norueguês Jösten Garder, há uma frase que com o passar dos tempos, á mim, mais se confirma: “a capacidade que temos de nos surpreender com as pessoas”. Ainda sou um bebe na carreira de professor, sei que ainda tem muito com o que me surpreender. Em uma de minhas aulas de Filosofia na turma da 6ª série, na qual meu objetivo como educador é transformar a sala de aula em uma comunidade de investigação, dentre as grandes surpresas, discutindo sobre o conceito de moral e propondo um exercício de refletir sobre a moral em nosso país, um aluno de 12 anos assim define:

“A Moral no Brasil

O povo brasileiro está moralmente doente, pois tem muitos criminosos independente de classe social, saindo sem nenhuma punição de situações inacreditáveis, que se fosse em um país com moral já estariam presos. Existe um caso de uma professora que teve seus cabelos queimados por um aluno de 14 anos, outro caso onde 5 jovens espancaram uma empregada doméstica, e assim com muitos outros casos inacreditáveis acabaram em nada.

Isso ocorre, pois no Brasil, o país da impunidade, políticos comandam espetáculos de corrupção, jovens valorizam mais as drogas do que os conselhos de seus pais. O Brasil precisa melhorar muito sua Moral, pois assim torna-se a grande piada.”

(Guilherme Pinto Quoos)

Minha surpresa não é pela reflexão do Guilherme, mas por ele ter mais visão do que muitos adultos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Príncipe - Maquiavel

Estava relendo um dos meus livros favoritos, uma clássica obra da filosofia política, escrita em 1513 por Nicolau Maquiavel. Um texto tão antigo e tão atual ao memso tempo. Uma de minhas passagens favoritas é essa:
"O príncipe que se apóia inteiramente sobre suas palavras, descuidando-se de outras precauções, se arruína, por que as amizades que se obtêm mediante pagamento, e não com a grandeza e nobreza de ânimo, se compram mas não se possuem, e, no devido tempo, não podem ser usadas. Os homens tem menos receio de ofender a quem se faz amar do que a outro que se faça temer; pois o amor é mantido por vínculo de reconhecimento, o qual sendo os homens perversos, é rompido sempre que lhes interessa, enquanto o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca te abandona."
Melhor ser temido do que amado!
O mundo atual requer de seus indivíduos uma ocupação exclusiva em busca da própria sobrevivência, somos frutos de uma sociedade enlouquecida pelo imediatismo, somente é útil aquilo que nos faz conseguir as coisas materiais. A amizade acaba ficando em outros projetos que assim que terminarmos essa fase vamos mandar o e-mail ao amigo, ou quem sabe ligar e marcar uma visitinha, ou até memso ir viajar e encontrar nosso velho e querido amigo... hehehehe, ilusão, não faremos isso, seremos temido!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Saber Viver

Entre todas as artes do mundo, a mais bela que existe e também a mais difícil a ser aprendida e leva mais tempo para aprender e dominar, é a arte de saber viver!

Saber viver não é somente florecer no prazer, no bem-estar, na saúde do corpo e nos bens da riqueza, por que tudo isso acaba, e a arte, a verdadeira, participa do dom da eternidade!

Saber viver é, pois, perceber o sentido do infinito nos anos que passamos neste mundo. É descobrir projeções e prolongamentos eternos em cada ação de amor e de bondade.

Saber viver é sentir que somos levados, em procissão tranquila e ao mesmo tempo triunfal, nos braços de nossas ações, para além dos horizontes limitados onde descamba o sol ao fim de cada dia.

Saber viver é descobrir que a vida é uma roseira em que os espinhos picam, mas as rosas ficam. Uma roseira cultivada na bondade, com raizes na terra e flor na eternidade.

Saber viver é ter convicção profundas, inabaláveis. Que a vida, a verdadeira, nao tem poente!

Questões para dialogar:

1. Qual a importância da nossa vida? Como a estamos valorizando?

2. O termo “aproveitar a vida” nos faz pensar em que?

3. Qual o sentido da vida para nós e para o nosso grupo?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Afinal, para que Filosofia?

O contexto atual é caracterizado pela informação e pela técnica. A cada dia novos e sofisticados instrumentos são inventados para melhorar nosso bem viver. As telecomunicações nos interligam virtualmente em tempo real e equipamentos, cada vez mais compactos garantem nosso conforto e o meio em que vivemos.

Nesta perspectiva, os espaços de formação, buscam uma adaptação a esta realidade, oferecendo-lhes conhecimento para o domínio de técnicas que lhes permitam manusear e transformar o meio em que vivem, isto é, a realidade.

Então nos cabe uma pergunta: Será que a Filosofia tem alguma “utilidade”? Será que ela pode ser “útil” na formação de cientistas e engenheiros? Será que ela não passa de uma mera abstração da realidade? Será que ela é realmente necessária? Enfim, para que serve a Filosofia? Esta pergunta é importante porque não é estranho ouvir das pessoas que a filosofia é algo abstrato e que não tem nada a ver com a nossa realidade, afinal, diante do mundo da técnica e da informação, por que discutir o que é razão, a liberdade, a ética? Por que perguntar-se pelos rumos da nossa sociedade e do planeta? Por que questionar os rumos da ciência e do conhecimento humano?

Sobre a utilidade da filosofia, Marilena Chauí afirma:

Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e a nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.”

Diante do avanço tecnológico e crescimento das pesquisas cientificas do século XXI, torna-se importante não somente formar técnicos que manipulem as realidade e a natureza, mas que as manipulem a serviço do bem estar e da humanização da natureza. Tomemos um exemplo: é importante perguntar-se sobre a finalidade da clonagem? Para muitos não, pois acreditam que os propósitos da ciência são sólidos e comprometidos com o bem viver de toda a sociedade. No entanto, a filosofia questiona a clonagem por que sabemos que ela pode ser usada para fins mercadológicos, como por exemplo, o transplante de órgãos e a destruição em massa de fetos humanos. Este questionamento não é uma tentativa de impedir as pesquisas científicas, mas de perguntar a serviço de quem está a ciência e sob que parâmetros ela se justifica.

Em resumo, podemos dizer que a filosofia se propõe a fazer uma crítica a tudo que circunda o ser humano; suas relações, seu comportamento e a finalidade de suas ações.