O contexto atual é caracterizado pela informação e pela técnica. A cada dia novos e sofisticados instrumentos são inventados para melhorar nosso bem viver. As telecomunicações nos interligam virtualmente em tempo real e equipamentos, cada vez mais compactos garantem nosso conforto e o meio em que vivemos.
Nesta perspectiva, os espaços de formação, buscam uma adaptação a esta realidade, oferecendo-lhes conhecimento para o domínio de técnicas que lhes permitam manusear e transformar o meio em que vivem, isto é, a realidade.
Então nos cabe uma pergunta: Será que a Filosofia tem alguma “utilidade”? Será que ela pode ser “útil” na formação de cientistas e engenheiros? Será que ela não passa de uma mera abstração da realidade? Será que ela é realmente necessária? Enfim, para que serve a Filosofia? Esta pergunta é importante porque não é estranho ouvir das pessoas que a filosofia é algo abstrato e que não tem nada a ver com a nossa realidade, afinal, diante do mundo da técnica e da informação, por que discutir o que é razão, a liberdade, a ética? Por que perguntar-se pelos rumos da nossa sociedade e do planeta? Por que questionar os rumos da ciência e do conhecimento humano?
Sobre a utilidade da filosofia, Marilena Chauí afirma:
“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e a nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.”
Diante do avanço tecnológico e crescimento das pesquisas cientificas do século XXI, torna-se importante não somente formar técnicos que manipulem as realidade e a natureza, mas que as manipulem a serviço do bem estar e da humanização da natureza. Tomemos um exemplo: é importante perguntar-se sobre a finalidade da clonagem? Para muitos não, pois acreditam que os propósitos da ciência são sólidos e comprometidos com o bem viver de toda a sociedade. No entanto, a filosofia questiona a clonagem por que sabemos que ela pode ser usada para fins mercadológicos, como por exemplo, o transplante de órgãos e a destruição em massa de fetos humanos. Este questionamento não é uma tentativa de impedir as pesquisas científicas, mas de perguntar a serviço de quem está a ciência e sob que parâmetros ela se justifica.
Em resumo, podemos dizer que a filosofia se propõe a fazer uma crítica a tudo que circunda o ser humano; suas relações, seu comportamento e a finalidade de suas ações.
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